Publicada em 18/12/2023
A causa da morte de Celso Adão Portella, encontrado dentro de uma geladeira durante uma ordem de despejo em Aracaju em setembro deste ano, foi revelada pela perícia. A Secretaria de Segurança Pública, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (18), informou que Celso foi vítima de uma queda da própria altura.
O perito e diretor do Instituto Médico Legal de Sergipe, Victor Barros, destacou uma fissura na parte frontal do crânio, indicando um traumatismo craniano prévio à morte. A incisão, considerada pequena, não teria sido causada por instrumento contundente, por isso sugere uma possível queda.
A perícia, no entanto, não determinou se a queda foi espontânea ou se resultou de uma ação externa, deixando em aberto a possibilidade de homicídio.
A companheira de Celso, uma técnica de enfermagem, foi presa por ocultação de cadáver e maus-tratos contra sua filha, que morava no mesmo imóvel onde o corpo foi encontrado. Em depoimento, ela alegou que Celso teria morrido em 2016, negando envolvimento no homicídio. A mulher está internada e será reavaliada em janeiro de 2024.
O apartamento sujo, em condições insalubres, levou à remoção da criança, que está sob acompanhamento do Conselho Tutelar.
Celso Adão Portella, que hoje teria 80 anos, é natural de Ijuí, mas construiu a vida em Porto Alegre (RS). Ele deixou o Estado em 2001, quando a mãe morreu, foi para o Espírito Santo e, depois os irmãos perderam contato. Celso é um de 12 irmãos e deixou quatro filhos no RS.
Relembre o caso
• Na manhã do dia 20 de setembro, uma oficial de Justiça do Estado de Sergipe foi até um apartamento do bairro Suíssa, em Aracaju, para efetuar uma reintegração de posse.
• A moradora foi abordada verbalmente para apresentação da ordem judicial, mas não abriu a porta ao ser interpelada. Diante do silêncio estabelecido e do choro de uma criança, a polícia militar foi acionada e arrombou a porta do imóvel.
• Ao ingressarem no ambiente, os agentes públicos depararam-se com a mulher em estado semiconsciente e, ao seu lado, uma menina de 4 anos de idade. A mãe tinha infligido lesões em seus braços, em ato qualificado como tentativa de suicídio.
• Ela foi socorrida e encaminhada a um hospital, onde foi mantida sob custódia policial até análise do Poder Judiciário sobre o caso. A criança foi resgatada, conduzida para exames clínicos e, posteriormente, deixada aos cuidados da avó materna.
• Ao vasculharem o imóvel, os policiais constataram uma condição descrita como insalubre, com grande acúmulo de materiais diversos, inclusive resíduos orgânicos. Tal situação levou a Polícia Civil a indiciar a mãe por maus-tratos sobre a criança.
• Em exame mais detalhado nos objetos mantidos no local, os policiais encontraram a presença incomum de uma mala no interior de uma geladeira. Ao abrirem o utensílio de viagem, surpreenderam-se com os restos mortais de uma pessoa em posição fetal.
• O corpo foi recolhido, o local foi periciado e a mulher, interrogada. Ela afirmou tratar-se de Celso Adão Portella, com quem diz ter mantido relacionamento afetivo e convivido naquele local por cerca de oito anos. A ex-companheira foi detida preventivamente.
• Em 28 de setembro, a Secretaria da Segurança Pública do Estado de Sergipe confirmou que os restos mortais eram do gaúcho nascido em Ijuí, que constituiu carreira de jornalista em Porto Alegre, tendo trabalhado como locutor de notícias na Rádio Gaúcha, nos anos 1970.
• Neste mesmo dia, com base em laudos do Instituto de Análises e Pesquisas Forenses (IAPF), as autoridades sergipanas indicaram que não havia elementos que apontassem para um homicídio. Entretanto, perícias complementares foram solicitadas.
• Em 3 de outubro, a Polícia Civil indiciou a mulher detida pela ocultação do cadáver. Em audiência de custódia, o Poder Judiciário entendeu que a investigada deveria aguardar pelos encaminhamentos do caso internada numa unidade psiquiátrica.
• Em novo depoimento, ela reafirmou aos investigadores que não teve interferência sobre a morte de Portella. Disse que saiu para trabalhar pela manhã e, ao retornar ao final da tarde, encontrou o companheiro sem vida, deitado na cama. O fato teria ocorrido, segundo a mulher em 2016.
• Ela sustentou que decidiu esconder o corpo por medo das consequências que poderiam decorrer da revelação do óbito, porém não detalhou quais eram objetivamente suas preocupações e seus receios.
Com informações da GaúchaZH
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